A Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia

          O projecto para o caminho marítimo para a Índia foi planeado por D. João II como medida de redução dos custos nas trocas comerciais com a Ásia e tentativa de monopolizar o comércio das especiarias. A presença marítima portuguesa estava cada vez mais sólida, D. João desejava o domínio das rotas comerciais e expansão do reino de Portugal, que já se transformava em Império. Porém, o empreendimento não foi realizado durante o seu reinado, mas sim no do seu sucessor, D. Manuel I, que escolheu Vasco da Gama para comandar esta expedição, embora mantendo o plano original.
          As especiarias eram consideradas o ouro das Índias. A canela, o gengibre e a pimenta eram produtos difíceis de obter, isto fez que Portugal quisesse chegar à Índia.
Ao todo, a tripulação tinha 170 homens.
          Os marinheiros dispunham de cartas de marear onde estava marcada toda a costa africana conhecida até então, de quadrantes, astrolábios, de regulamentos e de tábuas com cálculos, de agulhas e prumos. Um dos navios transportava exclusivamente mantimentos para três anos: biscoitos, feijão, carnes secas, vinho, farinha, azeite, salmouras e outras coisas de botica. Estava previsto o reabastecimento contínuo ao longo da costa de África. A viagem á Índia foi realizada por 3 naus e um navio de mantimentos. Nessas três naus ia um capitão e um piloto. No navio de mantimentos ia só um capitão. Nas duas naus ia também um escrivão, na primeira nau ia um mestre.
          A expedição iniciou-se a 8 de Julho de 1497. Durante esta expedição foram determinadas latitudes através da observação solar. Na viagem, o escorbuto instalou-se na população.
          Em 20 de Maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima a Calecute, no actual estado indiano de Kerala, ficando estabelecida a rota no Oceano Índico e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia.
          As negociações com o governador local, Samutiri Manavikraman Rajá, Samutiri de Calecute, foram difíceis. Os esforços de Vasco da Gama para obter condições comerciais favoráveis foram dificultados pela diferença de culturas e pelo baixo valor das suas ofertas. As mercadorias apresentadas pelos portugueses mostraram-se insuficientes para impressionar o Samutiri e os representantes do Samutiri troçaram das suas ofertas.
          A perseverança de Vasco da Gama fez com que se iniciassem, mesmo assim, as negociações entre ele e o samorim, que se mostrou agradado com as cartas de D. Manuel I.
          Os portugueses acabaram por vender as suas mercadorias por um baixo preço para poderem adquirir pequenas quantidades de especiarias e jóias para levar para o reino.
          A 12 de Julho de 1499, depois de mais de dois anos do início nesta expedição, entra a caravela Bérrio no rio Tejo, comandada por Nicolau Coelho, com a notícia que iria emocionar Lisboa: os portugueses chegaram à Índia pelo mar. Vasco da Gama tinha ficado para trás, na ilha Terceira, preferindo acompanhar o seu irmão, gravemente doente, renunciado assim aos festejos e felicitações pela notícia.
Das naus envolvidas, apenas a São Rafael não regressou, pois teria sido queimada por incapacidade de a manobrar, consequência do reduzido número a que se via a tripulação no regresso, fruto das doenças responsáveis pela morte de cerca de metade da tripulação, como o escorbuto, que se fez sentir mais afincadamente durante a travessia do Oceano Índico. Apenas 55 dos 148 homens que integravam a armada sobreviveram a este grande feito.
          Vasco da Gama retornou ao país em 29 de Agosto e foi recebido pelo próprio rei D. Manuel I com contentamento que lhe atribuía o título de Dom e grandes recompensas. Fez Nicolau Coelho fidalgo da sua casa, assim como a todos os outros, conforme os serviços que haviam prestado.
          D. Manuel I apressa-se a dar a notícia aos reis de Espanha, numa exibição orgulhosa do feito e para avisar que as rotas seriam futuramente exploradas por Portugal.


                                                   O Caminho Marítimo para a Índia